Mapas da (In)justiça

A plataforma Mapas da (In)Justiça é fruto de projeto de pesquisa realizado pelo Centro de Justiça Racial e Direito da FGV Direito SP e financiado pelo Google.org com o objetivo de disponibilizar dados sobre a letalidade policial praticada contra a população negra no Estado de São Paulo. A pesquisa busca elucidar como o sistema de justiça criminal de São Paulo lida com casos de morte decorrentes de intervenção policial. O desafio em compreender essa questão parte da constatação de que o Brasil não centraliza os dados de todas as etapas da tramitação desses processos na justiça criminal. O projeto unifica dados das ocorrências de letalidade policial em um único banco de dados para acompanhar o fluxo da justiça criminal, desde a produção dos boletins de ocorrência até o desenvolvimento de processos julgados pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

O que fazemos

O projeto atua em três frentes principais. A primeira delas é a pesquisa e produção de dados, que envolve a coleta e sistematização de informações sobre homicídios cometidos por policiais, levando em consideração fatores raciais e espaciais. A partir dessa análise, o projeto cria um banco de dados consolidado para monitorar a tramitação de processos relacionados à letalidade policial. A segunda frente é o desenvolvimento de uma plataforma digital, que disponibiliza mapas interativos para visualizar a distribuição da violência policial e o status das investigações, além de relatórios analíticos e materiais acessíveis ao público. Por fim, o Mapas da (In)Justiça investe na construção de parcerias e na formação de agentes e pesquisadores, colaborando com instituições acadêmicas, órgãos de justiça e organizações da sociedade civil para ampliar o acesso e a análise de dados. Além disso, promove cursos e workshops voltados à reflexão sobre a violência policial e a equidade racial, com o intuito de fomentar mudanças estruturais nas políticas de segurança pública.

Como fazemos

Para viabilizar esse trabalho, o Mapas da (In)Justiça adota uma metodologia baseada na coleta, cruzamento e análise de dados públicos. Utilizamos registros administrativos e judiciais sobre letalidade policial, extraídos de bases como o Diário de Justiça Eletrônico, boletins de ocorrência e processos criminais. A partir dessas informações, desenvolvemos um banco de dados estruturado que permite acompanhar o fluxo da justiça criminal, desde a notificação do caso até sua tramitação e possível responsabilização dos policiais envolvidos. Além disso, aplicamos ferramentas de inteligência artificial e análise georreferenciada, permitindo visualizar padrões espaciais da violência policial e identificar gargalos institucionais que dificultam a responsabilização dos agentes. Nossa equipe também realiza pedidos formais de acesso à informação junto a órgãos públicos e estabelece parcerias com instituições de pesquisa e organizações de direitos humanos para ampliar a transparência e o alcance do projeto.